
Plataforma “Brasil em um Mundo +2°C” será apresentada na COP30
Ferramenta interativa traduz riscos climáticos e da natureza em inteligência estratégica para governos e empresas.
Edição especial COP 30 reúne informações essenciais para compreender a complexidade da região e orientar soluções, políticas públicas e investimentos
O relatório Fatos da Amazônia 2025 – Especial COP 30 reúne informações essenciais para compreender a complexidade da região e orientar políticas públicas e investimentos. Fruto do projeto Amazônia 2030, que reúne institutos de referência como o Imazon e o Centro de Empreendedorismo da Amazônia e a Climate Policy Initiative, com apoio do Instituto Itaúsa, o documento apresenta um retrato crítico da maior floresta tropical do planeta e foi organizado especialmente para marcar a COP de Belém.
Mais do que um retrato estatístico, a edição busca servir como guia para quem deseja compreender a heterogeneidade e a riqueza da Amazônia, reunindo dados fundamentais sobre território, população, meio ambiente e economia da região em um momento decisivo para o futuro do planeta.
As Cinco Amazônias
O relatório inova ao propor a leitura da região sob a ótica das “Cinco Amazônias”, uma abordagem que evidencia como cada parte do território vive desafios específicos.
Na Amazônia Florestal, que cobre 39 % da região, o grande desafio é garantir a conservação das áreas ainda intactas enquanto pressões externas — como a expansão agrícola e o avanço de queimadas — se intensificam; o bioma ainda responde por quase 59 % do território nacional, mas já perdeu 20,6 % da cobertura florestal original.
A chamada Amazônia sob Pressão representa cerca de 29% da Amazônia Legal e reúne áreas ainda florestadas, mas ameaçadas por desmatamento, queimadas, garimpo ilegal e avanço agropecuário. Até 2024, já foram 857 mil km² de floresta destruídos, equivalentes a 17% da região, com 192 mil focos de calor registrados no mesmo ano. O garimpo triplicou desde 2000, alcançando 246 mil hectares, e as emissões de gases de efeito estufa superaram 1,1 bilhão de toneladas de CO₂ em 2022.
A Amazônia Desmatada, que já soma 857 mil km² de floresta convertida, concentra-se nos estados do Maranhão, Mato Grosso e Pará, que já perderam entre 26% e 65% da vegetação nativa original para implantação de pastagens e áreas agrícolas, além de abrigar atividades ilegais como extração de madeira e garimpo. Embora as taxas anuais de desmatamento tenham diminuído após o pico de 2021, a região continua marcada por degradação ambiental, perda de biodiversidade e fragmentação florestal, representando o estágio mais avançado da pressão humana sobre o bioma amazônico.
A Amazônia Não Florestal, que representa 21 % do território da Amazônia Legal, abrange áreas de Cerrado e Pantanal. Nessa zona, a atividade agropecuária é intensa, com grande presença de pastagens e lavouras de grãos, principalmente em Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Em 2023, as emissões de gases de efeito estufa da Amazônia Legal alcançaram cerca de 1,1 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente, o que corresponde a quase metade das emissões brasileiras
Por fim, a Amazônia Urbana abriga cerca de 76% da população da Amazônia Legal, que em 2022 somava 26,7 milhões de habitantes distribuídos em 772 municípios. Essa zona enfrenta graves déficits de infraestrutura, como saneamento básico precário, com apenas 19,3% dos domicílios ligados a redes de esgotamento — bem abaixo da média nacional de 60,2%. As cidades crescem de forma desordenada, marcadas por desigualdade social, violência e pressão ambiental sobre as áreas florestais vizinhas.
Da análise à ação
O relatório propõe ações e políticas voltadas a um modelo de desenvolvimento mais equilibrado, destacando o fortalecimento da assistência técnica e extensão rural (ATER) como instrumento essencial para apoiar pequenos produtores, restaurar florestas e gerar renda sustentável. Enfatiza a importância da capacitação técnica, da organização coletiva e das parcerias entre setores para impulsionar uma transformação territorial duradoura. Também ressalta a necessidade de incentivar a inovação tecnológica, ampliar o acesso a crédito verde e valorizar a sociobiodiversidade, com destaque à inclusão de mulheres e jovens nas cadeias produtivas da bioeconomia amazônica.
Baixe o estudo completo aqui.
Soluções financeiras
Um exemplo relevante de iniciativa voltada a impulsionar soluções sustentáveis na Amazônia é a Facility de Investimentos Sustentáveis (FAIS), criada pelo Instituto Amazônia+21. A plataforma foi concebida para conectar projetos de impacto socioambiental positivo a diversas fontes de financiamento — combinando recursos públicos, privados e filantrópicos por meio do modelo de blended finance. Com a meta de mobilizar R$ 540 milhões nos primeiros três anos e R$ 4 bilhões em uma década, a FAIS atua como catalisadora de investimentos voltados à inovação, à bioeconomia e à geração de renda local, consolidando-se como um mecanismo estratégico para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. O Instituto Itaúsa integra o conselho deliberativo da FAIS, reforçando o engajamento do setor empresarial na construção de uma nova economia verde para a região.
“O que falta é uma virada de chave econômica. É necessário fazer com que a floresta gere renda, tributos e empregos na legalidade, conectando políticas públicas, incentivos fiscais e mecanismos de investimento privado a projetos sustentáveis e escaláveis.A experiência mostra que nenhum investimento isolado é suficiente é a integração entre governança, mercado e sociedade que pode, de fato, estancar o desmatamento e impulsionar uma nova economia amazônica, baseada em prosperidade, inclusão e resiliência climática”, afirma Guilherme Gonzales, diretor de Comunicação e Relações Internacionais do Instituto Amazônia+21.